Hoje não tem score, Pipe. Não adianta contar o número de caracteres, assinalar os erros ortográficos, encontrar má concordância ou reclamar de rima feijão com pão. Eu ganho, você ganha e estamos empatados, não um com o outro, mas empatando o outro. Nesse jogo eu só sou grande se você for igualmente grande. Eu cresço você. Hoje, eu escrevo com o seu braço e xingo com a sua boca e de mim, eu digo você, faço, elevo, eternizo. Você à mim. Só por hoje, peço: aprisiona esse competidor nato e explica para ele que não se perde nem ganha no bafo se, só o que se faz, é trocar figura.
Sim, eu rimei nato e bafo e vou “sair impune do assassinato”, só pra não perder a tradição de arruinar nossas vizinhas e queridas expressões norte-americanas. Pois bem, agora que experimentada a chatice do meu primeiro parágrafo - ele vencido - tentemos um discurso mais inteligível:
Eis que num sonho, anos à frente uma carta me disse que no dia 30/01/2013 algo de importante aconteceria e eu, vaidosa, supus que na minha vida. Ledo engano. Tendo destinado ao caso merecida reflexão, compreendi que ela, a carta, não poderia ter dito diferente. O que Philippe diria do dia em que foi concebido se não qualquer coisa de parcial e tendenciosa? Aconteceu um grande evento sim e é mesmo bastante idiota da nossa parte pressupor que existe um interlocutor por trás de uma carta quando - comprovado o fato- pode estar, ela mesma, querendo nos passar um recado.
O que eu estou dizendo Philippe, é que a carta empoeirada do meu sonho - ou seja, esta que agora escrevo - é de aquário, e ainda que pra mim esta informação não suscite nada, julguei importante comunicá-la a um ilustre conhecedor de forças astrológicas, místicas e comportamentais como você.
Meus sonhos não são 4D mas, pelo aspecto, posso afirmar que a carta do meu sonho cheirava a mofo. A diferença da carta que minha vó escrevia e a minha é que a dela envelhecia junto com ela. As idéias eram imortalizadas em plataformas que sucumbiam ao tempo, exatamente o contrário da gente no mundo. A ciência evoluiu para que o mortal pudesse criar o imortal, antes a idéia, agora matéria. A vontade que dá, concluída a carta é imprimi-la e dividir o fardo. Mas também, qual o pior castigo? Amanha eu me arrependo disso tudo e ela, eterna, se repete.
Escreva pra mim, Pipe, um milhão de vezes, vamos brincar de fazer eternos - me faça o próximo inteligente.
Beijos,
Rachel Koerich
30/01/2013
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